Chrysobalanaceae – Hirtella racemosa

Árvores, arvoretas ou arbustos, 0,5–10 m alt; ramos jovens pubescentes, lenticelados.

Folhas com lâmina ovada ou oblonga a estreitamente oblonga, base arredondada a subcordada ou cuneada, ápice agudo a atenuado, 3,6–8,7 × 1,8–4 cm, cartácea a coriácea, margem plana, 6–9 pares de nervuras secundárias; face abaxial esparsamente pubescente, nervuras esparsamente pubescentes, glândulas discoides esparsas, nervura principal saliente, as secundárias levemente salientes; face adaxial glabrescente, nervuras esparsamente pubescentes, eglandular, nervuras principal a quaternárias levemente salientes; pecíolo 0,5–3 mm compr.; estípulas lineares, 3–6 mm compr., eglandulares.

Inflorescências racemosas, (6,5–)8–18,5 cm compr., pubescentes; brácteas estreitamente triangulares a lanceoladas, 1,5–3 mm compr., caducas, eglandulares, glândula séssil no ápice ou 2–6 na margem; pedicelos 3–11 mm compr.,
eglandulares ou com uma glândula estipitada próxima à base; bractéolas lineares a estreitamente elípticas, 0,5–1,5 mm compr., caducas, glândula séssil no ápice ou 2–6 na margem. Flores 5–6,5 mm compr; receptáculo cilíndrico; sépalas 3,5–4,5 mm compr., reflexas, ocasionamente glândulas na margem; pétalas 4–5 mm compr., róseas ou lilás; estames 5 ou 6, 10–12 mm compr., filetes róseos ou lilás; estilete ca. 10 mm compr., hirsuto apenas na base.

Drupas elipsoides, 9–12 × 6–8 mm, epicarpo esparsamente pubescente.

Hirtella racemosa ocorre no México, diversos países da América Central e da América do Sul e, no Brasil, em todos os estados das Regiões Norte e Centro-Oeste, assim como nos estados do Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia (Prance & Sothers 2003b; Sothers et al. 2016). B9, C5, C6, D7, D10, E6, E7, E8, E9, E10: floresta ciliar em cerrado e campo rupestre, floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila densa e restinga. Coletada com flores e frutos o ano todo, mais comumente em outubro e novembro.

Hirtella racemosa é uma das espécies mais comuns e amplamente distribuídas de Chrysobalanaceae (Prance 1972), e possui grande variação morfológica. Apresenta três variedades, H. racemosa var. racemosa, H. racemosa var. hexandra (Willd. ex Roem. & Schult.) Prance e H. racemosa var. hispida Prance, que se diferenciam pelo indumento dos ramos jovens, comprimento e base da lâmina foliar, espessura e comprimento do pedicelo e glândulas nas bractéolas. No presente trabalho, optou-se por não adotar as categorias infraespecíficas, visto que é possível perceber sobreposição de caracteres em diversos materiais analisados.

Hirtella racemosa distingue-se das demais espécies que ocorrem na Bahia por apresentar ramos jovens com indumento pubescente, lâminas foliares ovadas ou oblongas a estreitamente oblongas, inflorescências racemosas, com bractéolas que possuem uma glândula séssil no ápice ou 2–6 na margem, além de flores com receptáculo cilíndrico e sépalas reflexas. Assemelha-se a H. gracilipes; as semelhanças e diferenças entre essas espécies são apresentadas nos comentários de H. gracilipes.

Três coleções provenientes do município de Pilão Arcado (Conceição 1474, Queiroz 10887 e Santos 1344) apresentam inflorescências atípicas, com forma congesta dos racemos até então não reportada para Hirtella racemosa. Essas coleções são aqui consideradas no conceito de H. racemosa, mas novos estudos e obtenção de novos registros dessa localidade são necessários para se esclarecer a identidade desses materiais.

Fonte: ASPRINO, R. & AMORIM, A. M. Flora da Bahia: Hirtella (Chrysobalanaceae). Rev. Sitientibus, s. Ciências Biológicas, n.16, p. 01-20, 2016.

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