Subarbusto. Caule tomentoso.
Folha 3-foliolada, subséssil; lâmina foliolar 5,5-7,2 × 0,25-0,35 cm, cartácea, estreitamente lanceolada, base atenuada, ápice acuminado, bordo revoluto, face abaxial tomentosa a glabra, com glândulas pateliformes esparsas, face adaxial tomentosa a glabra, 9-11 nervuras secundárias, com ângulo de divergência praticamente reto.
Inflorescência em dicásios ou flores solitárias; cálice verde, 0,6-0,7 × 0,5-0,6 cm, campanulado, 5-mucronado, glândulas pateliformes associadas às nervuras, essas tomentosas ou não; corola tubular-infundibuliforme, tubo 3,5-4,9 × 1-1,5 cm, lobo 0,5-0,7 × 0,8-1,1 cm, lepidota externamente; inserção dos estames vilosa; ovário 0,25 × 0,15 cm,
ovóide; disco nectarífero 0,1 × 0,2 cm.
Cápsula ovóide, 6,2 × 4,6 cm, superfície levemente papilosa; semente alada, 3,6-4 × 3,2-3,4 cm. Segundo Ferreira (1973) são três variedades para essa espécie, distinguindo-as pela forma da lâmina foliolar, tamanho do pecíolo e presença de indumento.
No PNSC foram encontradas plantas pertencentes à duas variedades: A. arvense var. arvense Bureau e A. arvense var. petiolata Bureau. Anemopaegma arvense var. arvense é facilmente reconhecida pelas folhas subsésseis, estreitamente lanceoladas e largura sempre menor que 0,5 cm (Fig. 2). A referida variedade apresenta um período
de floração prolongado, compreendendo os meses de julho a janeiro, com um pico em outubro, sendo enquadrada no padrão estacionário modificado. A frutificação ocorre nos meses de julho-agosto.
Anemopaegma arvense var. petiolata caracteriza-se pelas folhas oblonceoladas (6,6-11,5 × 2-4 cm) e pecioladas (2-3 cm), embora com peciólulo insignificante (Fig. 4). Segundo Ferreira (1973), essa variedade caracteriza-se pelos ramos glabros, folíolos angusto-lanceolados, glabros em ambas as faces e margem revoluta. Esta variedade foi coletada no período de floração apenas no mês de outubro, caracterizando o típico padrão floração maciça.
Vegetativamente, A. arvense var. petiolata é muito distinta das demais variedades da espécie, pois não apresenta lâminas foliolares lineares e pecíolo reduzido, tornando-se muito mais semelhante a A. glaucum Mart. ex DC. Em relação a esta última, a diferença na forma da lâmina foliolar é muito sutil, sendo a pruinosidade clara (tonalidade glauca) e a cápsula de ápice agudo encontrados em A. glaucum os estádios de caráter que distinguem essas espécies.
Ferreira (1973) comenta que as três variedades por ele consideradas coexistem, às vezes lado a lado.
Bureau & Schumann (1896) reconhecem A. mirandum Mart. ex DC. (= A. arvense var. arvense) para o estado de Goiás, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo; já a variedade A. arvense var. petiolata para os estados de Mato Grosso e Minas Gerais.
Fonte: SCUDELLER, V. V. Bignoniaceae Juss. No Parque Nacional da Serra da Canastra – Minas Gerais, Brasil. Rev. Iheringia, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 59, n. 1, p. 59-73, jan./jun. 2004.