Arvoreta 2-6 m alt. Ramos castanhos, lisos, cobertos por lenticelas e glabros; râmulos e pecíolos densa a esparsamente castanho-adpressotomentosos. Entrenós 1-4,5 cm compr. Pecíolo 4-10 mm compr.; lâmina foliar oblongo-lanceolada ou oblongo-elíptica, cartácea, (3,5-)5-15(-20) cm compr., (0,6-)1,5-4,5(-6,5) cm larg., face adaxial glabrescente, abaxial esparsamente adpresso-dourado-tomentosa,
ápice agudo ou acuminado, base aguda a arredondada, nervação eucamptódroma, às vezes broquidódroma próximo ao ápice, castanha na face abaxial, nervura primária impressa na face adaxial, muito proeminente na abaxial, 8-17 pares de nervuras secundárias arqueadas, em ângulo de 40-60° com a nervura primária, juntamente com o retículo, pouco proeminentes na face adaxial, proeminentes na abaxial, às vezes anastomosadas em arco ca. de 1 mm da margem, esta plana, domácias presentes. Profilos espatulado-orbiculares, nervação
actinódroma, ca. 1,8 x 1 cm.
Flores 1-2, opositifólias ou supra-axilares; pedicelo 1-2(-4) cm compr., ca. 1 mm larg., na frutificação até 5 cm compr., bráctea 1, deltoidea, 1-1,5 m compr., 1-1,5 mm larg.; sépalas largamente triangulares, côncavas, ca. 2 mm compr., face adaxial glabra, abaxial densamente ocráceotomentosa, pétalas conatas, as externas como pás do hélice, alas oblongo-clavadas, 5-10 mm compr., 2-3 mm alt., eretas a patentes, densamente ocráceotomentosas, pétalas internas 4-7 mm compr.; estames ca. 1 mm compr., apêndice do conectivo glabro; estaminódios ausentes; carpelos áureo-tomentosos, 1-1,6 mm compr., exceto os estigmas, glabros. Fruto ovoide- lipsoide, ca. 2,5 cm compr., ca. 1,5 cm diâm., verruculoso, carpídios ca. 7 mm compr., ca. 3 mm larg.
Na Serra do Cipó, Annona dolabripetala é arvoreta do interior e orla de matas ciliares e capões, ocorrendo esporadicamente também no campo. Na Cadeia do Espinhaço, ocorre do Planalto de Diamantina, ao norte, à Serra do Caraça, ao sul. Sua área de distribuição vai da Bahia até Santa Catarina e Mato Grosso (Maas et al. 1992). Annona dolabripetala está envolvida em complexo morfológico com A. neolaurifolia H.Rainer, A. neosericea H.Rainer e A. ubatubensis (Maas & Westra) H.Rainer, todas antes classificadas como Rollinia (Rainer 2007). Annona neosericea é caracterizada pelas folhas glabras na face adaxial e cobertas com tricomas adpressos na abaxial, o que
lhe rendeu o seu epíteto específico, e frutos com 100 a 150 carpídios. Os tricomas adpressos na face abaxial da folha a assemelha a A. neolaurifolia, porém esta possui as folhas recobertas com tricomas na face adaxial e frutos com 50 a 100 carpídios. Annona dolabripetala e A. ubatubensis compartilham as folhas recobertas por tricomas eretos na face abaxial, porém A. ubatubensis possuiria pedicelos mais longos e espessos que A. dolabripetala (Maas et al. 1992). Com exceção de A. ubatubensis que seria endêmica de Ubatuba, São Paulo, as demais espécies possuem uma distribuição geográfica similar, na região Sudeste. Entretanto, não é possível diferenciá- las pelos caracteres propostos por Maas et al. (1992), que se mostram muito variáveis e sem nenhum padrão definido, e são aqui sinonimizadas sob o nome
legítimo mais antigo, Annona dolabripetala.
Fonte – Mello-Silva, R., Lopes, J.C. & Pirani, J.R. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Annonaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 24(1), 37-56, 2006.