Planta volúvel. Ramos cilíndricos, sem lenticelas, com coléteres interpeciolares. Folhas com pecíolo 5–18 mm compr.; lâmina 13–67 × 4–26 mm, oblonga a elíptica, ápice mucronado a acuminado, base truncada a subcordada, margem inteira, com um par de coléteres na base. Inflorescências tirsiformes, 5–12-floras, 2–3,5 cm; pedúnculo 3–8 mm, glabro; brácteas lanceoladas. Flores com pedicelos 5–18 mm, com coléteres na base, glabros; sépalas 2–4 × ca. 2 mm, ovadas, papilosas, com coléteres alternos na base; corola esverdeada, tubo ca. 4 × 2 mm, lobos ca. 10 × 4 mm, patentes, face abaxial glabra, face adaxial papilosa a pubérula, ovados; corona simples, segmentos creme, 3,5–4 × 2,5–3 mm, cimbiformes, parte interna adnata ao dorso das anteras, parte externa inteira e fechada até o ápice; ginostégio séssil, ca. 5 mm; anteras ca. 4 mm, sub-retangulares, asas bem mais longas que o dorso, apêndice 0,5 mm, suborbicular; retináculo ca. 0,35 × 0,2 mm, ovoide, caudículas 0,18–0,23 mm compr., horizontais, providas de membrana reticulada, polínias ca. 0,33 × 0,23 mm, pendentes, piriformes, paralelas; apêndice estilar plano; ovário ovoide, glabro. Folicários 6–7 × 1,3–1,5 cm, lisos, glabros; sementes, 5–3 mm compr., comosas.
Em sua forma vegetativa, Blepharodon pictum pode ser facilmente confundida com B. bicuspidatum, ocorrente no estado do Pará, mas não em Carajás, diferenciando-se daquela espécie pelas flores maiores e polínias ovoides e oblongas, com comprimento e largura visivelmente distintos (Rapini 2010). Diferese das demais espécies de Apocynaceae das cangas de Carajás pela corola rotácea esverdeada e a corona cimbiforme.
Espécie com distribuição na América do Sul. No Brasil ocorre nas regiões: Norte (AC, AM, AP, PA, RO, RR, TO), Nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, RN, SE), Centro-Oeste (DF, GO, MS, MT), Sudeste (ES, MG, RJ, SP) e Sul (PR) (BFG 2015). Na Serra dos Carajás é registrada para a Serra Norte: N1 e para a Serra Sul: S11A, S11B, S11C, S11D.
Coletada nas áreas de canga aberta, florescendo dos meses de fevereiro a dezembro e frutificando nos meses de dezembro e abril.
Fonte: FERNANDES, G. E. A.; MOTA, N. F. de O. & SIMÕES, A. O. Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Apocynaceae. Rev. Rodriguésia, n. 69, p. 003-023, 2018.