Acanthaceae – Justicia chamaedryoides

Erva ereta, 8-30 cmalt.; ramos subquadrangulares, sulcados, com tricomas normalmente concentrados próximos aos sulcos. Pecíolo 1‑5 mm compr.; lâmina 1‑8 × 0,8‑4,5 cm, elíptica, largamente ovada a ovada, esparsamente hirsutas, tricomas concentrados na nervura principal de ambas as faces, ápice agudo a apiculado, base cuneada a levemente
decorrente.

Inflorescência em espigas axilares e terminais; brácteas 1,3‑3 × 0,2‑1,5 mm, triangulares, adaxialmente glabras, abaxialmente hirsutas, ciliadas; bractéolas 1‑2 × 0,1‑0,3 mm, triangulares a lineares, indumento similar ao das brácteas. Cálice 4-7 mm compr., lacínias 4, 3‑6 × 0,2‑1,5 mm, triangulares a estreitamente lanceoladas, ciliadas, indumento similar ao das brácteas. Corola lilás, 7-9 mm compr., internamente pubescente na base do tubo, externamente hirtela, tubo 3-5 mm compr., ligeiramente curvo, lábio superior ca. 4 × 2 mm, bilobado no ápice, lábio inferior ca. 5 × 1,5‑2 mm. Filetes ca. 2 mm compr., anteras ca. 0,4 mm compr., tecas oblíquas, múticas. Estilete
ca. 4 mm compr., glabro; disco nectarífero cupular, bilobado. Cápsula ca. 7 mm compr., hirsuta no ápice, com porção fértil fusiforme; sementes 4, ca. 1,5 mm diâm., suborbiculares, verrucosas, borda verrucosa a inteira.

Esta espécie foi corretamente identificada por Wasshausen (Wied, GZU 000250286) em Justicia, porém a combinação neste gênero não havia sido validamente publicada até aqui. Apesar de não ter indicado nenhum herbário no protólogo (Nees 1847a), Nees (1847b) apontou duas duplicatas dessa coleção, uma no herbário de Martius, atualmente incorporado ao herbário BR, e outra no herbário particular de Wied, e que possivelmente foi adquirida por Nees, podendo representar o material depositado no herbário GZU. Nees certamente examinou a
coleção depositada em BR, que conta com a etiqueta original de Wied, a própria identificação de Nees (Rhytiglossa chamaedryoides N. et M., in sked) e um espécime completo, incluindo raízes, conforme descrita na obra original (diferente do material em GZU), justificando esta lectotipificação. Além disso, no protólogo, Nees (1847a) transcreveu a informação in sylvis ad Cabo Frio, Martio, indicada por ele na etiqueta do material depositado em GZU. Contudo, na etiqueta original de Wied (BR), há a clara indicação de März 1817. Neste período, Wied estava no final de sua viagem pelo Brasil, na região de Caatingas e matas secas do Estado da Bahia, um pouco antes de retornar para a Europa, não em Cabo Frio, Estado do Rio de Janeiro.

É uma pequena erva ereta, com espigas de flores opostas e imbricadas; a corola é pequena, lilás com estrias brancas no lobo central. Nos materiais observados, o cálice e as brácteas são alvo-hirsutos. É relacionada a Justicia genuflexa
Nees, diferenciando-se principalmente pelo cálice quadripartido. Justicia chamaedryoides é endêmica do Estado da Bahia, sendo encontrada na borda de matas antropizadas, Floresce e frutifica, geralmente, entre novembro e junho.

Fonte: CÔRTES, A.L.A & RAPINI, A. Justicieae (Acanthaceae) do Semiárido do Estado da Bahia, Brasil. Rev. Hoehnea, v. 40, n. 2, p. 253-292, 18 fig., 2013.

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