Bromeliaceae – Pitcairnia burchellii

Reófita, formando touceiras.

Folhas polísticas, dimórficas; bainha foliar castanha, 1,5-2,3×2,6-3cm, largo-ovada, conspícua, imbricada; lâmina foliar externa castanha à verde 5-6×0,1-0,2cm, subulada, margem aculeada, 0,1cm, algumas vezes ocorrendo até o ápice foliar; lâmina foliar interna verde-cinéreas, 52-75×0,7-1,6cm, linear-lanceolada, lepidota na face abaxial, ápice longoaristulado, porção basal com margem aculeada, acúleos 0,1cm. Pedúnculo 62,5-105cm; brácteas 1,5-5,5×0,3cm, as basais lanceoladas, ultrapassando os entrenós, lepidotas, ápice longo-atenuado, as distais oval-lanceoladas, menores que os entrenós, lepidotas, ápice atenuado.

Inflorescência simples ou composta; raque 24-33,5cm. Brácteas florais 0,9-1,7×0,3-0,4cm, lanceoladas a oval-lanceoladas, menores que os pedicelos, ápice agudo a acuminado. Flores 9,5-11cm; pedicelo verde a castanho, 0,8-
1,3cm; sépalas verde a castanhas, 2-2,5cm, lanceoladas, ápice obtuso a agudo, mucronado; pétalas castanhas a amareladas, com várias máculas castanho-vinosas, 8,5-10,5cm, lanceoladas, ápice obtuso, apêndices petalinos 1-1,5cm, adnatos, ápice livre e denteado; estames livres, 8,9-10,4cm, filetes amarelos, anteras amarelas, 1,2-1,4cm; ovário 1cm, estilete 7,5-9,1cm, estigma 0,5cm, espiralconduplicado. Frutos 1,5-2cm, elipsoides; sementes 0,5cm, numerosas, bicaudadas, apêndices plumosos.

Ocorre na Região Centro-Oeste, e nos estados Pará, Rondônia, Tocantins e Minas Gerais. É endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção). No Distrito Federal ocorre nas margens dos cursos d’água, principalmente em fitofisionomias florestais. Encontrada com flores em março e abril, e com frutos em janeiro, abril e julho.

Pitcairnia burchellii é frequentemente identificada como Pitcairnia lanuginosa Ruiz & Pav., espécie que não é conhecida para o Brasil. É semelhante também a Pitcairnia ensifolia Mez, diferenciando-se desta pelas sépalas com ápice truncado e pétalas maiores (ca. 10cm), ambas publicadas na mesma obra Flora Brasiliensis (Mez 1891-1894). Durante o estudo do material selecionado, utilizando esses caracteres para separá-las, foi observado que o ápice da sépala de P. burchellii varia de truncado para agudo, até na mesma flor, sobrepondo-se à característica de P.
ensifolia, a qual, segundo a descrição original, apresenta sépala com ápice agudo. Apenas o tamanho da pétala foi considerado uma característica consistente, variando entre 8,5 a 10,5cm em P. burchellii versus de 4,7 a 5,7cm em P. ensifolia. Do material de herbário disponível, havia apenas uma coleta determinada como P. ensifolia, encontrada na APA Cafuringa, localidade na qual P. burchelli também ocorre. Por esta ter sido a única coleta identificada como P. ensifolia, e por apresentar uma relevante diferença de tamanho entre as duplicatas dos Herbários UB e IBGE em relação a do Herbário SP, foi aqui considerado um material não confiável (as plantas das duplicatas UB e IBGE
apresentam ca. 30cm de comprimento e a do SP apresenta ca. 1m), acreditamos ser, possivelmente, uma coleta materiais misturados. Pelo exposto, P. ensifolia não foi incluída neste trabalho. Contudo, a lectotipificação de P. ensifolia mostra-se necessária devido à falta de um holótipo (Brasil, Goiás: Serra Dourada, sem data, Schott 2037, destruído – Herbário W – Museu de História Natural de Viena, Áustria) e ao incompleto isótipo disponível (Herbário BGBM – Museu Botânico Berolinense).

Fonte: ARAÚJO, C. C. de. Bromeliaceae Juss. no Distrito Federal (Brasil). 122p. il. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2016.

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