Begoniaceae – Begonia mattos-silvae

Ervas, 60 cm alt., glabriúsculas, tricomas simples de base espessa e esparsos tricomas glandulares microscópicos. Caule aparentemente prostrado ou decumbente, com esparsos tricomas glandulares microscópicos; entrenós 2–4 cm compr. Estípulas 1,7–2,5 × 0,8–1,2 cm, ovadas, ápice acuminado, margem inteira, apressas, aparentemente caducas.

Folhas com pecíolo 20–40 cm compr., com esparsos tricomas glandulares microscópicos; lâmina 18–20 × 23–25 cm,
inteira, assimétrica, basifixa, membranácea, arredondada a transversalmente elíptica, ápice acuminado, base cordada, margem crenada, esparsamente ciliada, glabrescente na face adaxial, glabra na face abaxial; verde em ambas as faces; venação actinódroma, 10 nervuras na base. Cimeiras 30–50 cm compr., 30–90 flores, 5 ou 6 nós; brácteas de primeira ordem ca. 1 × 0,25 mm, estreitamente triangulares, persistentes.

Flores estaminadas sem bractéolas; tépalas 4, alvas, as externas maiores, orbiculares, face abaxial com esparsos tricomas glandulares microscópicos a glabras, as internas oblanceoladas, face abaxial glabra; estames 22–40, anteras rimosas, conectivos proeminentes. Flores pistiladas com 2 bractéolas estreitamente triangulares, caducas; tépalas 5, [cor não informada], sendo três maiores, elípticas a obovadas, face abaxial glabra; ovário com placenta inteira.

Cápsulas 5–5,5 mm × 1,2–1,6 cm, com esparsos tricomas glandulares microscópicos [não vistas, obtidas pelo protólogo]; alas 3, desiguais, a maior 8–10 mm larg., ápice arredondado, as menores 2–3 mm larg., arredondadas.

Sementes oblongas.

Endêmica do estado da Bahia (Jacques 2015), ocorre somente em Itamaraju. I/J8: Floresta ombrófila submontana. A espécie cresce sobre afloramentos rochosos, sendo também encontrada em áreas de plantação de cacau. Foi encontrada com flores e frutos em outubro.

Begonia mattos-silvae é caracterizada pelo caule prostrado ou decumbente, pecíolos longos, lâminas foliares arredondadas a transversalmente elípticas, com margem crenada e de textura membranácea. Assemelha-se a B. itaguassuensis, pelo aspecto geral da planta, a saber: hábito herbáceo; caule prostrado ou decumbente; folhas com pecíolo longo e lâmina assimétrica, arredondada a transversalmente elíptica, com ápice acuminado e base cordada. Begonia mattossilvae difere desta pelas lâminas foliares com margem crenada (vs. denticulada), brácteas de primeira ordem menores (ca. 1 × 0,25 mm vs. 2–15 × 0,9–5 mm) e estreitamente triangulares (vs. triangulares a lanceoladas), e pelas tépalas estaminadas externas orbiculares (vs. ovadas a elípticas). Begonia mattos-silvae é conhecida somente pelo material-tipo. Uma expedição de coleta foi realizada na área; outras espécies de Begonia foram encontradas, mas B. mattos-silvae não. A área encontra-se ocupada por plantações de cacau, café, entre outras culturas. A aplicação de herbicidas no entorno do cacaueiro e a capina são práticas comuns nas fazendas do sul da Bahia e, como foi visto em uma das expedições, essas práticas causam a morte de indivíduos de Begonia. Assim, é possível que as populações de B. mattossilvae estejam sendo negativamente afetadas por essas práticas.

Fonte: GREGÓRIO, B. de S.; COSTA, J. A. S & RAPINI, A. Flora da Bahia: Begoniaceae. Rev. Sitientibus série Ciências Biológicas, n. 16, p. 01-52, il., 2016.

 

Deixe um comentário