Begoniaceae – Begonia bahiensis

Ervas ou subarbustos, 20–60 cm alt., glabriúsculos a glabros, tricomas simples, finos, tricomas de base espessa e glandulares microscópicos. Caule ereto, glabriúsculo; entrenós 1–7,5 cm compr. Estípulas 0,8–2 × 0,3–1 cm, ovadas a lanceoladas, ápice apiculado, margem inteira a levemente ondulada, carenadas, apressas, persistentes.

Folhas com pecíolo 0,8–6,5 cm compr., glabriúsculo; lâmina 5–15,5(–21) × 2–7(–9) cm, inteira, assimétrica, basifixa, papirácea, oblonga a obovada, ápice acuminado, base oblíqua, margem serrilhada a irregularmente crenado-denticulada, ciliada, glabrescente em ambas as faces; face adaxial verde, face abaxial verde-clara a vinácea; venação actinódroma, (3)4 ou 5 nervuras na base. Cimeiras 5,5–8,5(–14) cm compr., 4–20 flores, 2 ou 3 nós; brácteas de primeira ordem 2–4 × 0,5–1 mm, lanceoladas, persistentes.

Flores estaminadas sem bractéolas; tépalas 4, alvas a róseas, as externas maiores, ovadas, face abaxial com esparsos tricomas glandulares a glabra, as internas oblanceoladas, face abaxial glabra; estames 16–28, anteras rimosas, conectivos proeminentes. Flores pistiladas com 2 bractéolas lanceoladas, persistentes; tépalas 5, alvas a róseas, sendo três maiores, elípticas a ovadas, face abaxial glabra; ovário com placenta inteira.

Cápsulas 1,1–1,7 × 1,3–1,5 cm, com esparsos tricomas glandulares microscópicos; alas 3, iguais a desiguais, a maior 4–9 mm larg., ápice arredondado, as menores 3–4,5 mm larg., arredondadas. Sementes oblongas. montana e submontana, com formação primária ou com perturbação antrópica, mata de cipó, em áreas de transição entre floresta ombrófila densa montana e floresta estacional semidecidual, mata ciliar, capoeira e cabruca.

A espécie ocorre sobre troncos em decomposição, rochas ou em solos arenosos ou argilosos, no interior da mata ou em suas bordas, em locais ensolarados ou sombreados. Floresce e frutifica durante o ano todo.

Begonia bahiensis é facilmente reconhecida pelo hábito herbáceo-subarbustivo, glabrescente, associado à forma da lâmina foliar oblonga a obovada. A espécie foi originalmente descrita como glabra (Candolle 1859), contudo, observou-se em coletas posteriores a presença de esparsos tricomas simples, finos, tricomas de base espessa e glandulares microscópicos, especialmente nos indivíduos jovens; na fase adulta, o indumento é muitas vezes perdido.
Assim, acredita-se que o material utilizado para a descrição da espécie tenha perdido o indumento. Begonia bahiensis possui semelhanças com B. sylvatica, contudo, é distinta pelas lâminas foliares com (3)4 ou 5 nervuras na base (vs. 6 ou 7 nervuras) e cimeiras com 2 ou 3 nós (vs. 3–6 nós). Dois anos após a descrição de B. bahiensis, B.
bidentata var. insularum foi descrita para a Bahia como endêmica de Ilhéus (Candolle 1861), enquanto Begonia bidentata var bidentata Raddi estaria restrita aos estados do Rio de Janeiro e São Paulo (Jacques 2015). As características que distinguem as variedades, são as mesmas compartilhadas por B. bahiensis e B. bidentata var. insularum, tais como: lâminas foliares mais largas, com base mais obtusa e margem indiscriminadamente angulosa, estípulas mais largas e tépalas externas das flores estaminadas glabras, destituídas de tricomas estrigosos. Apesar de terem sido encontrados esparsos tricomas glandulares microscópicos nas tépalas das flores estaminadas externas de B. bahiensis, bem como em B. bidentata, no estado de São Paulo (Mamede et al. 2012), isso não é empecilho à sinonimização de B. bidentata var. insularum em B. bahiensis. A característica mais expressiva de B. bidentata var. bidentata é a margem foliar duas vezes denteada, ao qual alude o nome da espécie, característica que não foi observada no material-tipo de B. bidentata var. insularum. Desse modo, propõe-se neste trabalho a inclusão de B.
bidentata var. insularum sob B. bahiensis.

Fonte: GREGÓRIO, B. de S.; COSTA, J. A. S & RAPINI, A. Flora da Bahia: Begoniaceae. Rev. Sitientibus série Ciências Biológicas, n. 16, p. 01-52, il., 2016.

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