Asteraceae – Dasyphyllum brasiliense

Arbusto escandente a liana. Ramos estriados, raro decorticantes, lenticelas presentes, densamente tomentosos, glabrescentes, raro base dos tricomas escamiforme, projeções espinescentes axilares, 2-8,5mm, curvos, persistentes ou caducos. Folhas pecioladas, (2)3,5-8,0(10)mmm, lâmina 3,5-8(12)x1-3(4,2)cm, obovada, oblanceolada, raro largamente ovada, ápice acuminado, base curtamente atenuada, margem inteira, revoluta, concolor, face adaxial esparsamente serícea, glabrescente, face abaxial serícea, glabrescente.

Inflorescência apical e axilar, panículas folhosas, laxas a congestas, quando congestas formam um dicásio apical com folhas na base, umbeliformes ou não, folhas diminutas na inflorescência, capítulos pedunculados, 3,5-8(12)mm, esparso a densamente tomentoso, glabrescente; invólucro campanulado, turbinado a infundibuliforme, 10-18mm, 8-12 seriado, 40-54 bracteado, 1-11mm, brácteas largamente ovadas, ovadas, oval-lanceoladas e estreitamente oblongas, densamente tomentosas, glabrescentes ou não, densamente ciliadas, brácteas externas ápice apiculado,
apículo 0,3-0,7(1,3)mm, séries internas com ápice mucronado a curtamente apiculado, ápiculo 3mm; receptáculo ligeiramente convexo a plano, paleáceo. Flores 10-19, 11,5-13,5mm, corola tubulosa a ligulada, todas incisões
isométricas, profundas ou superficiais ou duas incisões profundas, base do tubo internamente hirsuta, externamente glabra, ápice dos lobos externamente hirsutos, antera sagitada, apêndice apical bilobado, basal curtamente sagitado,
ramos do estilete curtos, sagitados, papilosos. Cipsela obovóide, pápus de cerdas plumosas, raro distintas semi-paleáceas.

Esta espécie ocorre na Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Peru, no Brasil o táxon ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E7 e E9: em borda de matas estacionais e ombrófilas, coletada em flor de maio a setembro. No estado de Minas Gerais, D. brasiliense é utilizado como analgésico na extração de dentes devido à presença de ácido clorogênico (Peporine comunicação pessoal Agosto 2010).

Segundo Cabrera (1959) Dasyphyllum brasiliense possui quatro variedades, D. brasiliense var. barnadesioides (Tovar) Cabrera, D. brasiliense var. brasiliense, D. brasiliensis var. latifolium (D.Don) Cabrera e D. brasiliense var. divaricatum (Griseb.) Cabrera, as quais não são recohecidas em nosso tratamento. Dasyphyllum brasiliense é considerada a espécie mais complexa taxonomicamente, pois esta apresenta grande variação morfológica associada à
sobreposição de caracteres com outras espécies. Muitos caracteres apresentam grande variação morfológica, por exemplo o pápus que tanto pode ser formado por cerdas plumosas quanto por cerdas plumosas semi-paleáceas, alargadas na base e achatadas dorso-ventralmente, com coloração bege; o pápus é geralmente encontrado isolado da corola, mas nos materiais com flores novas, coletados em botão, o pápus foi encontrado adpresso ao tubo da corola, provavelmente devido a grande pressão causada pelo invólucro antes do total desenvolvimento do capítulo. Os capítulos estão dispostos em panículas folhosas, umbeliformes ou não, as panículas umbeliformes estão presentes nos ramos novos, com entrenós curtos, formando um dicásio e na base deste há uma pequena folha. As folhas
apresentam ampla variação de tamanho e largura, mas o formato desta é mais constante, variando de oboval, oblanceolado a largamente oval. A clara delimitação infra-específica e a validade destes táxons poderão ser esclarecidos com estudos de campo associados a estudos biossistemáticos, devido à problemática que cerca a espécie. Dasyphyllum brasiliense pode ser diferenciado de D. tomentosum pelo hábito, arbustivo escandente para o primeiro
e arbóreo para o segundo, mas esta informação nem sempre está disponível nos rótulos das excicatas. O formato, dimensões foliares e comprimento do pecíolo contribuem para melhor separação das duas espécies. De um lado as folhas de D.

brasiliense são curtamente pecioladas, com pecíolo variando de 0,2 a 1cm, lâmina com formato obovado, oblanceolado, raro largamente ovado, com 3cm, raramente 3,5cm, de largura. Já D. tomentosum apresenta a folha com pecíolo mais definido e comprido, com 2,6cm, lâmina foliar elíptica, estreitamente elíptica e obovada, com 1,5 até 4,8, raramente 6,5cm de largura. Outra espécie morfologicamente semelhante à D. brasiliense é D. spinescens, da qual pode ser diferenciada pelos seguintes caracteres, hábito arbustivo escandente a lianescente vs. hábito arbóreo; lâmina foliar oboval, oblanceolada, raro largamente oval, com 3,5 até 8 e raramente 12cm de comprimento por 1 a 3,
raramente 3,5 cm de largura vs. lâmina foliar elíptica a oblanceolada, com 2,5 a 7,8 cm de comprimento e 1,2 a 2 cm de largura; bráctea involucral com projeção espinescente com 0,3 a 0,7 raro 1,3mm de comprimento vs. bráctea
involucral com projeção espinescente 5 mm de comprimento; ápice foliar curtamente apiculado a acuminado, apículo, se presente, caduco vs. ápice com projeção espinescente, projeção espinescente caduca.

Fonte: EGEÃ, M. M. As Tribos Barnadesieae e Mutisieae S. L. (Asteraceae) no Estado de São Paulo, Brasil. 215f, il. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal), Instituto de Biologia, Campinas, 2011.

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